Como vê temos algumas ideias e vontade, mas muitas incertezas e medos
Boa tarde Eng.º José.
Tenho 46 anos e vivo numa aldeia do
distrito de Bragança e concelho de Miranda do Douro, por condicionantes
da vida, fiquei desempregado e tenho tido algumas dificuldades em
arranjar trabalho estável, mas isso não vem aqui para o caso. Acontece
que tenho alguns terrenos, pertencentes aos meus pais aqui na terra e
tenho falado muito com outro amigo, que tem 31 anos, nas mesmas
condições e que também tem alguns terrenos.
Agora, para
juntar a isto surgiu a oportunidade de adquirir uns terrenos de uma tia
com sobreiros, muito monte, mas boas árvores (aproximadamente 100
sobreiros e muita sobreira), que junta a uma parcela já da minha
propriedade. Ficariamos com aproximadamente 3,5 ha de sobreiros,
divididos em 3 parcelas (2,5+0,7+0,3).
Assim, para explorar teriamos, além dos já referidos sobreiros:
Na
totalidade estarei a falar de 8 a 10 ha, divididos por 22 a 25
parcelas, aproximadamente. A maior delas todas terá aproximadamente 1,5
ha e a grande maioria tem 0,3 ou 0,4. Algumas têm monte (vegetação
espontânea) outras estão de pousio há uns anos, mais os sobreiros.
Temos
conhecimentos básicos em agricultura, ambos pomos hortas e temos vinha e
olival, só para consumo, como a grande maioria das pessoas aqui. Temos
também os dois carta de trator agricola com reboque e o meu amigo tem
algumas formações no CAP Malhadas, podas, motosserras e motorroçadoras,
condução de máquinas agrícolas até categoria 3, higiene e saúde no
trabalho agrícola e aplicação de produtos fitofarmacêuticos.
Um
projeto agricola para comprar um trator e alfais necessárias para o
trabalho pretendido e candidatarmo-nos a fundos poderá ser uma
realidade, tendo o meu amigo idade de jovem agricultor.
Temos
vindo a pensar para os sobreiros, que daqui a dois anos dão cortiça,
que talvez a micorrização com boletus pudesse ser uma solução para
acrescentar, devido ao nosso gosto pela micologia e benefício das
plantas, mas os resultados, tenho lido, são muito incertos e demoram 18 a
36 meses e as alterações climáticas não parecem favorecer. Por outro
lado e com resultados mais rápidos financeiramente está a produção
animal em pequena escala, que também poderia ser uma solução, mas a
nossa inexperiência no assunto, torna-se um problema, a não ser com
galinhas que estamos habituados a lidar com elas desde a infância. Não
sabemos o que fazer.
Em relação aos outros terrenos, estamos a
pensar seriamente em plantar uns 5 a 6 ha de amendoeiras e 2 a 3 de
vinha e destas ambos sabemos cuidar com maior ou menor dificuldade.
Na
semana passada marquei uma reunião com uma gestora de projetos que me
falou da criação de porco bízaro, será isso boa ideia? Para produção
animal gostava mais de frangos do campo ou outras aves, mas acho que é
necessário muito investimento, não sei...
Como
vê temos algumas ideias e vontade, mas muitas incertezas e medos, pois
teremos para investir aproximadamente uns 10.000 euros depois de comprar
os sobreiros e precisavamos de conseguir pelo menos, tirar o sustento
daí no prazo mais curto possível. O tempo da natureza é lento mas a
necessidade por dinheiro, essa é inadiável.
Agradeço
que nos dê uma opinião acerca do que fazer... estamos abertos a ideias e
com muita vontade de viver daquilo que a terra nos dá, mas não sei se
no nosso caso, poderá ser real.
Um facto do
qual me esqueci referir atrás, também existe a possibilidade de arranjar
mais uns 10 ha ou mais, por cedência ou arrendados a bom preço, para
plantar cereais, forragens ou outras culturas anuais.
O
que poderemos nós fazer com esta área, dividida por tanta parcela? Mas
todas elas relativamente perto umas das outras, num raio de 5kms, mais
ou menos.
Comentários:
1. Para tirar no curto prazo o Vosso sustento a partir da exploração agroflorestal que descreve deve selecionar atividades que gerem produções ao fim de poucos meses.
2. Na minha opinião os porcos bísaros podem ser opção se optarem por os transformar em enchidos fazendo a respetiva comercialização direta em feiras, mercados, etc. sobretudo nas zonas urbanas do litoral. Podem produzir grande parte da alimentação dos porcos e por outro lado, os enchidos geram alguma rentabilidade e têm alguma procura facilidade na sua venda. Precisam de conseguir competências no fabrico dos enchidos para obterem produtos de qualidade.
3. Os frangos de campo caseiros parecem ser uma boa ideia mas há dificuldade em vendê-los no mercado organizado ou diretamente ao consumidor gerando valor acrescentado porque as empresas que dominam o mercado conseguem colocar produtos dentro do mesmo conceito, apesar de não terem a mesma alimentação, a preços muito baixos para as suas necessidades financeiras. Se tiver jeito para cozinhar pode optar lançar-se na produção de alheiras ou um restaurante que apenas sirva pratos à base de frango que produza. Oportunidades existem, é preciso iniciativa e passar à ação para as materializar.
4. Marque uma visita da eng. Sónia Moreira da Espaço Visual aos seus terrenos e obtenha uma opinião concreta sobre o seu caso (917075852). O valor do custo da visita é de 100 euros com o IVA incluído.
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