Sucesso da Fileira do Kiwi

Um leitor anónimo escreveu neste blogue o seguinte: "Com tanta plantação de kiwi que se está a fazer é mais uma bolha à espera de rebentar!"

Comentários:
1 - "Tanta plantação de kiwis!": Quantos hectares? Qual a sua produção potencial? Os kiwis têm qualidade para serem exportados? O preço da exportação é mais baixo que o do mercado interno, mas mesmo assim rentabiliza os investimentos?
2 - Esta "história da bolha" já a ouço desde 1992, após ter rebentado uma bolha (houve um desajuste de mercado porque houve nesse ano um incremento muito forte de produção, com kiwis de má qualidade, a qual teve como base a inexperiência comercial do mercado do kiwi nessa época ancestral. Esta situação gerou pânico nos operadores e estes a cada dia que passava tentavam vender mais barato e assim sucessivamente. conduziu ao abaixamento ao longo de toda a cadeia de distribuição. No final da campanha de vendas, na minha opinião, se os operadores tivessem cabeça fria, teriam vendido mais ou menos as mesmas quantidades com a minima variação de preços.
3 - Uma fileira caminha no sentido certo, sem crises profundas, se consegue gerar informação, comunicá-la corretamente, gerar estratégias e liderança que conduzam a eficiência e eficácia em todos os seus elos (produção, entrepostos, mercado/marketing). A fileira do kiwi conseguiu fazê-lo com sucesso desde 1999. À medida que o tempo passa, porque existem ciclos económicos com altos e baixos, aumenta a probabilidade de se entrar no período baixo deste negócio. Haverá relação direta entre o incremento de dimensão da fileira e a probabilidade que passe por uma crise? Creio que não, pelo contrário acho que a maior regularidade da oferta de kiwis de Portugal ao longo de toda a campanha de comercialização (Setembro a Julho) dá maior força comercial e maior e melhor potencial de exportação.
4 - O sucesso prospetivo da fileira do kiwi passa pelo caminho da exportação com maior incidência fora da Europa. Será que os kiwis de Portugal irão ganhar a batalha da exportação? Os membros desta fileira terão a coragem e a audácia para inovarem no caminho da exportação ou serão reativos e terão os braços caídos à espera que os importadores lhes batam à porta?

Conclusão: O sucesso da fileira do kiwi será o resultado daquilo que cada um de nós for construindo e do todo que resultar da junção, da cooperação das contribuições individuais, quer pela soma das partes, quer pelo valor acrescentado do conjunto e da dinâmica que conseguir impôr a toda a fileira e à sua envolvente.

É nesta estratégia que eu acredito e trabalho, junto com muitos outros, bravos desta fileira do kiwi, fazendo-o com muita coragem e determinação, pois é necessário progredir, embora sintamos a incerteza de não sabermos o resultado futuro de conjunto que será gerado pelo que fazemos no dia de hoje.

Há uma coisa que para mim é uma certeza: a fileira do kiwi tem futuro porque tem muitas pessoas capazes e competentes que a abraçaram e dela necessitam para sustentar as suas famílias. Poderá viver momentos menos bons, mas a longo prazo irá continuar na senda do sucesso, o qual é seu apanágio.

Comentários

Anónimo disse…
Sabemos que o Eng. Martino é um (bom) optimista! A ameaça de 'bolha' está particularmente presente nos nichos onde existe um rápido crescimento. Naturalmente que se os protagonistas do sector se entenderem bem, se o sector tiver uma oferta estruturada, um aumento de produção poderá dar um impulso na capacidade exportadora - se houver para onde exportar porque não somos os únicos a aumentar áreas e a querer colocar a fruta nos mercados de maior valor. E a que preços porque é inevitável uma descida. Mas teremos intervenientes à altura? O que já aconteceu no passado não poderá voltar a acontecer?
Agora, começa a sua intervenção com um assunto que me parece importante para perceber a realidade. E por isso lhe pergunto: Passado/Actualidade: qual a dimensão do sector? Quanto produz?; Curto prazo/Futuro: Qual está a ser a evolução de áreas e produção recentemente plantadas ou em vias de...?; Qual a capacidade de armazenamento dos entrepostos e que aumentos prevêem fazer?
Evidentemente que a fileira, será o resultado daquilo que fizermos dela. No fundo o nosso destino está a ser guiado por meia dúzia de pessoas. Basta contar os entrepostos e acrescentar o Eng Martino :) Só espero que continuem a guiá-lo bem por entre os corais que por aí vêm longe de bancos rochosos. Mas se agora as centrais recebem todo o fruto para encher as câmaras, poderemos, a curto prazo, ter esta realidade invertida com excessos de produção e com os produtores obrigados a fazer concessões e a vender a preços baixos e até a encontrar outros compradores, contribuindo para a pulverização da oferta com um aumento de intervenientes com significado no mercado (um dos problemas de outros sectores é a enorme quantidade de intervenientes que impedem que se desenvolvam estratégias comuns e que contribuem para o abaixamento de preços). Sempre que há anos de produções excessivas o preço acaba por baixar. É natural, é certo. Ou não? Se o factor quantidade é limitante para a exportação, porque têm sido esses anos de quebra de preços? Sinal de que não conseguimos exportar suficientemente? Então e quando essas quantidade de fruta em excesso forem uma constante e não uma excepção? Obrigado

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